Blog do Professor César Renato


Depois de algum tempo inativo, e pela disposição e necessidade de estabelecer novamente um canal de comunicação com meus interlocutores externos, este blog volta ao ar.
Nele pretendo, dentro do possível, semanalmente discorrer sobre algumas questões que julgo importantes e que percorrem minhas comunidades em alguma medida, tanto no micro-espaço que me situo, quanto no macro-espaço social onde estamos todos.
Quem pretendo alcançar são aqueles que estou mais perto, como família, especialmente meus filhos, amigos, alunos e colegas em geral. Minhas colocações buscam alcançar meu ponto de vista sobre temas que acredito serem pertinentes a discussão.

sábado, outubro 25, 2014

A História por trás de "A Fábula da Mudança"!!! Comportamento Ingênuo ou Cúmplice? #votoouveto

Vivemos no dia 26/10/2014 o segundo turno das eleições presidenciais 2014.
Neste momento, mais uma vez, julgo importante me posicionar sobre esse fato social, cercado de política, mas também de retórica. Pessoalmente continuo percebendo o quadro político da mesma forma como o percebia na véspera destas eleições, no seu primeiro turno (para entender melhor leia a crônica anterior deste Blog "Um dia da caça, quatro anos do caçador! Viva o dia da caça gargalhar!!!! #apertoconfirmacomdedodomeio), contudo avalio como importante tratar sobre um tema que emergiu principalmente com o acesso de um dos candidatos ao segundo turno, constituindo a base de seu discurso (retórico) na promessa de mudança!
Essa posição não representa, de minha parte, apoio ao outro candidato, mas creio que nesse momento deva ser considerada na sua escolha perante a urna: OU VOTA, OU VETA OU ANULA!!!
O principal elemento que me assegura a certeza de que a troca de pessoa ou partido não representa mudança alguma, está baseado na leitura do ambiente universal em que vivemos. O mundo vive hoje encarcerado na "Gaiola de Ferro" do capitalismo neoliberal, onde bilhões de pessoas são vítimas e reféns de um sistema socioeconômico que favorece a poucos. Considerando a população total do planeta, apenas 1% de seus habitantes, detém hoje mais riqueza do que 3,5 bilhões de pessoas ao redor do mundo, segundo dados da ONU, revelados no início deste ano, ou ainda e mais avassalador, 0,7 % de sujeitos no mundo inteiro, detém 41% de toda a riqueza mundial, o que foi revelado agora, no início deste mês, como resultado do "Credit Suisse 2013 Wealth Report"!
Esse quadro indica, sem nenhuma ressalva, que o mundo tem donos, e que todo o restante de nós somos prisioneiros serviçais deles, quer seja eu professor, você aluno, ou qualquer presidente de país periférico do sistema político universal!
Contudo, o que quero propor como discussão agora, é essa "mudança" pregada por um dos candidatos, se caso venha a ser eleito. Ele baseia isso, especialmente quando diz que vai deter elementos como a corrupção, a velha política, o loteamento de cargos e o continuísmo no poder.
Segundo minha visão, aceitar isso confere a nós todos (que aceitarmos) duas posturas, distinguíveis pela forma como percebemos essas falácias: Ou seremos INGÊNUOS OU CÚMPLICES!
Senão vejamos ... Nos casos de corrupção ... a promessa de mudança se baseia nos acontecimentos investigados e revelados pela Polícia Federal na Petrobrás e nos Correios, ou denunciados por um político, que inclusive está preso por isso mesmo, chamado Roberto Jefferson, do conhecido "mensalão". 
Ora, os partidários que advogam esta mudança tem sido colocados sob suspeita recentemente, Julho de 2013, por casos absolutamente iguais, com desvio de verbas e pagamentos de propina baseados nos mesmos sistemas, em escândalos conhecidos como "propinas do ISS paulista", "Superfaturamento no Metrô de São Paulo", "Aeroporto de Ricardo" e "Mensalão Mineiro". A diferença entre eles é que tais casos não estão sendo veiculados na mídia, e não há envolvidos respondendo por tais crimes, ou até presos em função deles! Ninguém precisa aludir se isso é verdade ou não, já foi declarado como tal, por quem deu as propinas (SIEMENS Alemã), por quem controla tais movimentos do dinheiro público (Ministério Público em Minas), por quem investiga os bandidos (Polícia Civil e Federal de São Paulo) e por correligionários políticos (assessor de Eduardo Azeredo, o mensaleiro, que inclusive hoje mudou para o partido opositor a ele). Tudo isso esteve estampado em todos os principais jornais do país e foi vinculado nos principais canais de televisão existentes no conjunto da mídia nacional. 
Porque não se fala disso hoje? Discuto isso no final deste texto!
No caso da velha política, cabe agora contar uma história que aconteceu a mais ou menos 30 anos atrás, Quando ainda éramos governados por militares, oriundos do Golpe de 1964.
Em 1983, surge no Congresso Nacional, uma proposta de emenda constitucional, que altera a constituição do país, no sentido de estabelecer a partir de 1984, eleições diretas para a presidência da república. Para entender o porque disso, é importante saber que a lei vigente à época, previa eleições indiretas, e os candidatos eram originários de uma indicação dos militares, no poder nacional desde 20 anos anteriores. Houve uma forte sinalização de que tal emenda fosse rejeitada, já que a grande maioria dos políticos atendia o desejo dos militares e certamente derrubaria tal proposta. 
Você lembra ???... (Se já era nascido, evidentemente, ou por tudo que a história repete atualmente). Milhões de pessoas foram as ruas, em um movimento popular chamado "Diretas já!", que não foi atendido pelos militares. O que houve foi a cessão, por estes mesmos militares, em aceitar um candidato civil para concorrer ao pleito indireto. Este candidato inclusive concorreu e venceu as eleições. Você sabe quem é ele? Sabe sim ... mas falaremos mais sobre isso em algumas frases.
Para falar de velha política, quero comentar o que aconteceu nos bastidores deste movimento político em 1984. Haviam alguns partidos políticos fortes, ditos de oposição, dentre os quais PMDB, PDT e PT (este último ainda emergente), alguns outros de pouca expressão, fora evidentemente os partidos que representavam a situação e os militares, nesse caso, especialmente o PDS. 
Como o movimento popular não surtiu efeito, começou a se articular em Brasilia uma transição ao governo militar, já que a sociedade não aceitaria mais a situação como estava. Esse período foi chamado de "redemocratização" nacional e foi produto de um grande acordo político conduzido especialmente por dois grupos. De um lado os militares e de outro um grupo político chamado de "Frente Ampla". As eleições indiretas foram mantidas e o candidato civil da oposição foi aceito pelos militares, desde que seu nome fosse também consenso entre os acordantes. Em última análise aconteceu o seguinte: Se elegeria um presidente civil, desde que o mesmo fosse aceito pelos militares. O escolhido foi um líder conservador da Frente Ampla, chamado Tancredo de Almeida Neves (Lembrou agora de quem eu falava ali em cima?), em detrimento de outro que era a preferência da maioria opositora, chamado Ulisses Guimarães. Apenas para deixar ainda mais claro, como à época já se praticava o que hoje chamamos aqui de velha política, a tal frente ampla era algo muito parecido com o que é o PMDB de hoje, que movimentou os seus membros para o governo do PT, assim que acessou ao poder, como fez com os governos anteriores do PSDB. Um partido que aproveita as oportunidades casuísticas de exercício do poder. Consegue perceber isso????
O que se chama hoje de loteamento de cargos, significa expressar que cada partido no poder, ao negociar sua representação no Congresso Nacional, promete cargos em escalões da administração pública a outros partidos, tais como ministérios, secretarias, coordenadorias, agencias, etc. Isso existe a dezenas de anos no Brasil, pode até ser legítimo, mas vou me limitar a descrever um único período, entre 1995 e 2003. 
Roberto Brant, Ministro da Previdência (aquela que trata da aposentadoria dos trabalhadores) do PFL, que hoje é o DEM; José Henrique Souza, Ministro dos Transportes do PMDB, que hoje compõe o governo do PT; Francisco Dornelles, Ministro Do Trabalho (aquele que trata dos direitos do trabalhador, percebe???) e Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (aquele que trata do interesse das indústrias???? Como assim???? interesses de trabalhadores primeiro e logo depois das indústrias ... tem lógica isso????), que pertencia ao PP, partido de oposição à época da primeira eleição de FHC.
Além disso o loteamento de cargos, por ajustes e acordos políticos, pode ser feito de outra forma, não legítima, com suborno direto aos deputados, como revelado pela imprensa nacional em 1998, quando houve a votação para a reeleição de cargos do executivo. Na época deputados receberam propinas da ordem de 200 mil reais para aprovar a emenda, que tornou possível ... pasmem ... a reeleição de FHC, do PSDB!!! (Isso definitivamente não é coincidência)!!!!!
Sobre continuísmos no poder, como o caso dos doze anos do PT no governo federal, temos ainda exemplos de governos no Estado de São Paulo, onde o PSDB governa a 20 anos, ou em Minas, onde o mesmo PSDB governou durante os mesmos 12 anos que o PT na federação. Esse continuísmo se dá devido ao instituto da reeleição, votado de maneira suspeita em 1998, como já citei.
Além disso, há um outro continuísmo muito peculiar, o de políticos ligados a família, que muito embora não tenham nenhuma militância política em suas histórias pessoais, herdam o patrimônio político de seus parentes e se mantém políticos durante toda a sua vida, ou começam na política unicamente em função desta herança. Exemplos disso podem ser Beto Richa (PSDB); Zeca Dirceu (PT); ACM Neto (DEM); Vitória Barros (PP) e pasmem, para espanto de quem não sabia disso, um sujeito que advoga hoje o fim do continuísmo, Aécio Neves (PSDB), herdeiro político de Tancredo Neves, de quem já me referi nesta crônica.
E então??? O que de fato mudou?????
Reflita comigo ... quem não considera isso o faz por dois motivos: ou não sabe disso, apesar de todos os elementos conhecidos de forma ampla e veiculados pela mídia nacional, e portanto é INGÊNUO, ou apesar de saber de tudo isso, ignora o fato e acredita na tal mudança, tornando-se CÚMPLICE de quem advoga tal posição!!!!
Na minha opinião, e deixo claro, essa é a MINHA OPINIÃO, corrupção, velha política, loteamento de cargos e continuísmo, não estabelece nenhuma mudança entre os proponentes a presidência da república que estão ai. Quem propõe mudança é igual, ou pior, aos que na opinião deles precisam ser mudados.
Essa proposição é feita por um grupo de políticos que representa uma elite nacional na política, e só conseguem ser contundentes nessa proposição por que tem nas mãos os instrumentos de mídia. A mídia é um instrumento de elite. Milton Santos, pensador nacional reconhecido internacionalmente já apontou, que os instrumentos de mídia estão na mão e sob propriedade de cinco grandes grupos no mundo todo, grupos tais que mantém forte a mídia nacional.
Você acredita no que a VEJA escreve? Eu prefiro acreditar no Milton Santos. É só uma questâo de escolha!!!!
Pra terminar esse artigo de hoje, justifico o porque do #votoouveto!
Na verdade entre os dois modelos há uma única diferença, baseada na filosofia de Governo de cada um, no que diz respeito ao que se quer para o país agora e no futuro.
Enquanto quem esta no poder, apesar de governar sob o cajado capitalista, como já disse, o faz com o foco filosófico de um governo popular (governa pensando no povo!!!). O grupo político que pretende entrar, será vítima do mesmo cajado capitalista, mas com o foco do desenvolvimento econômico (Governa para as empresas e para a elite), em detrimento daquele um governo popular (Não se iluda de qualquer discurso que diga o contrário!!!! Esta verdade está posta e já foi comprovada no passado).
Isto é muito claro, foi comprovado nos dois governos, como conta a história de um passado recente. No caso do PSDB, pelas privatizações (até hoje não explicadas quanto a onde foi parar os 2,4 trilhões que rendeu) e quanto a industrialização do país, que promoveu incentivos fiscais a diversas industrias internacionais. No caso do PT, pelos programas sociais intensivos criados, tais como Bolsa Família, ProUni, Mais Médicos e Pronatec, que se caracterizam nos únicos programas sociais de atendimento a saúde, educação e distribuição de renda, adequados a dimensão nacional, muito embora, é importante que se diga, são muito mal administrados até esse momento!
Votar um modelo é vetar o outro! Analise os termos expostos e veja se isso não é verdade!
Muito embora ainda haja uma alternativa de rompimento e indignação com tudo isso. Que é ANULAR o voto.
Sinceramente, neste momento não sei o que farei. Entre anular e vetar, minha dúvida se baseia no país como um todo. Espero que você saiba! E se por acaso não souber, espero que o que está escrito aqui, não represente pra você um monte de bobagens e possa ajudar-lhe em uma decisão final!

sábado, outubro 04, 2014

Um dia da Caça, Quatro anos do Caçador! Viva o dia da Caça GARGALHAR!!!! #Apertoconfirmacomdedodomeio

Amanhã vivemos no Brasil mais um dia de eleição. E desde 2009 tenho refletido muito, antes e em dias como esse. Amanhã estou decidido a ir as urnas e anular meu voto. Isso mesmo, ANULAR, não votar em branco, como faço a três eleições passadas. Digitar na urna um contundente 99 e apertar confirma (A brincadeira que fiz no título se refere a isso, mas falo mais tarde sobre ela). Então, como tenho me manifestado no Blog sobre coisas que julgo importante, resolvi partilhar minha opinião e as justificativas dela aqui, para refletirmos juntos.

Antes de dissertar sobre o objetivo que expus acima, quero refletir historicamente, para que possa fazer-me entender, sobra a dimensão da qual a política tem na formação do meu sujeito.

Sou ativista político há muito tempo, iniciei minha militância a partir do Movimento Estudantil Secundarista, como uma grande parte dos cidadãos, aliás. Em 1976, freqüentava pela primeira vez uma passeata de protesto contra o governo militar, nas ruas de São Borja (Terra do Getúlio, Jango e Brizola, outros importantes ativistas, com os quais nunca tenha nenhum tipo de simpatia por suas histórias de luta). Sou natural de Porto Alegre, e na época era dirigente estudantil de uma escola em Novo Hamburgo, três cidades do Rio Grande do Sul. Aconteceu de ser em São Borja porque estávamos em um encontro de estudantes na cidade.

Depois disso participei da direção de entidades estudantis em nível municipal e estadual, assim como, de grupos fechados, dedicados em estudos marxistas e vislumbrando as possibilidades socialistas de formação de Estado.

Na política partidária militei como cabo eleitoral de alguns políticos, sendo o mais importante, José Fogaça, Gaúcho de destacada atuação política em nível municipal, estadual e federal, durante longos anos. Nessa época tinha uma associação com o antigo MDB e logo depois com seu partido antecessor, por conta de uma reforma partidária, o PMDB.

Porém, em 1979, em todo o Brasil, exatamente por conta dos movimentos de reforma partidária, começaram a surgir iniciativas de formação de um partido que representasse com mais legitimidade a esquerda brasileira, reunindo intelectuais, trabalhadores, estudantes e outros cidadãos, preocupados em transformações sociais e econômicas de cunho mais popular e democrático. Foi nessa onda reformadora que surgiu o PT no Brasil. Nessa época, me desliguei do grupo a que pertencia e comecei a militar dentre os que estiveram envolvidos com a fundação do PT, tanto em Porto Alegre, quanto em Criciúma, em Santa Catarina, já que minha vida me fez mudar para essa cidade.
Minha participação na ordem política caminhou assim, muito embora ocupando uma posição de bastidores, como um dos fundadores do PT e como ativista, especialmente no Movimento Estudantil.

Desde lá tenho procurado me envolver na vida política das comunidades onde vivo, de forma a compro soluções possíveis para a construção de uma sociedade melhor, mais democrática, inclusiva e igualitária.

Em 2009, por conta das eleições presidenciais e extremamente frustrado com os acontecimentos que norteavam a construção histórica do PT e sua atuação em nível nacional, decidi pela primeira vez abandonar toda e qualquer militância, e desde então não só ANULAR meu voto, mas também promover uma discussão sobre política e Estado, com os membros de minha comunidade.

Esse ano, nessa eleição, a decisão se mantém, e agora já posso começar a expor os motivos pelos quais reitero minha posição com relação ao meu voto.

A alternativa filosófica do meu voto, se orienta pelo modo de governo que acho o mais apropriado para o Estado. Acredito no Socialismo, por entender que é nele que há a possibilidade de uma ampla associação dos homens em geral à igualdade, democracia, justiça social e integração humana. Por essa orientação é importante dizer que trata-se de um Socialismo de Estado, sem elementos de concentração de poder e instrumentos burocráticos na regulação da vida das pessoas. O Socialismo que acredito é o que possa ser processado através da prática da Democracia Comunitária, onde efetivamente todos estão envolvidos na tomada de decisão, e somente a gestão de tais decisões ficam a cargo de um grupo menor de pessoas.

Se a orientação é essa, no momento político partidário atual, minha alternativa deveria se concentrar em somente cinco partidos, dentre os existentes, quais sejam o PT (maior deles), o PCB, o PSOL, o PSTU e o PCO.

Não poderia, devido a história política que formou meu sujeito eleitor, nem sequer pensar em votar em outros partidos, os quais divido em três grupos. Os grandes partidos de direita e centro direita, quais sejam, PSDB (maior deles), DEM, PSB, PP, PDT, PV, entre outros. Os Partidos menores, que se formam por casuísmo político, tais como SOLIDARIEDADE, PSD, PR, P c Do B, entre outros e os partidos "nanicos", que só existem para acolher oportunistas das benesses que a política oferece a pessoas e instituições. Não citarei tais siglas, primeiro por que não interessa a essa reflexão, segundo porque são tão inexpressivas que certamente serão esquecidas logo após lidas. Nesses três grupos, concentra-se basicamente uma elite social sectária, preconceituosa e de profissionais da política, e sua existência se elabora pela vantagem política, interesses individuais, e inclusão em grupos de benefícios, resultado de troca de favores entre os grupos e emendas legislativas e executivas, que distribuem o dinheiro público circulante no meio político.

ANULAR meu voto é resultado do entendimento que esse quadro político partidário atual é inútil, impreciso e pernicioso a sociedade, e minha associação a qualquer um deles seria um aval que efetivamente não quero dar.

As pessoas tem me dito que dentro dos partidos ainda existem sujeitos que merecem um voto de confiança, acredito que isso seja verdade, contudo não mudo minha decisão em função dessa argumentação, por dois motivos. O primeiro é que pessoas individualmente, em esquemas partidários, não podem promover soluções, já que devem respeitar estruturas engessadas e autoritárias, protegidas pela legislação eleitoral que protege o corporativismo existentes nos partidos, o segundo e mais importante que o primeiro, é que invariavelmente, por mais honestas que as pessoas sejam, a história recente tem provado que, uma vez eleitas, as pessoas tem cedido às tentações do acesso ao poder e benefício econômico, e esquecido sua historia anterior, limpa e consciente.

Com relação aos partidos, devo dizer que com os quais me identifico pela filosofia que acredito, há motivos para não votar. O PT por exemplo, muito embora tenha proposto os únicos programas sociais efetivos e importantes para esse país, desde sua história original, peca por não conseguir pô-los em prática, por incompetência administrativa e para não confrontar com interesses econômicos, políticos e sociais, quando se vê pressionado por organizações econômicas e membros da elite social no país, tais como médicos, banqueiros, industriais, entre outros. Além disso, o PT, a fim de instrumentalizar o Estado e se manter no poder, tem reíficado práticas de compra de influência, desfio de dinheiro público e corrupção das instituições de toda ordem, que se não é feita por todos, e acho que não é, é reconhecidamente prática que caracteriza a presença e força partidária que se impõe no quadro nacional.

Quanto aos outros partidos que entendo socialistas, esses cometem um erro que não se pode admitir quando se fala em gestão do Estado. Tem consciência política madura e orientada para o bem da sociedade, mas não tem consistência na apresentação de propostas que sejam capazes de gerir a sociedade, sem deixa-la sensível ao caos socieoconomico provocado pela quebra radical das estruturas que movimentam a sociedade na atualidade. A transição para um sistema político como o socialismo, em uma sociedade como a brasileira, eminentemente capitalista, tem de ser de forma consciente e considerando um tempo de transição, o que tais partidos não admitem, propondo mudanças radicais, utópicas e certamente traumáticas para ao povo de forma geral, que nem se reconhece nessa nova filosofia proposta.

Quanto aos motivos de não votar de forma alguma nos outros partidos, posso agrupá-los em três grandes conclusões. Primeiramente, são todos constituídos de representantes da elite social deste pais, que quer garantir benefícios para os ricos e capitalistas, usando a classe média como massa de manobra na consecução de seus objetivos. Em segundo lugar, a grande maioria dos políticos não tem formação em grupos da comunidade, são políticos profissionais, que tem origem em famílias de outros políticos, que tem transmitido cargos e influência ao longo de milhares de anos, somente acessam a vida pública em função de benefícios escusos, herdados de seus antecessores da política. Finalmente Esse políticos, que nem tem uma filosofia muito consistente, defendem, mesmo sem imaginar a dimensão disso, o capitalismo neoliberal e suas instituições de suporte, que não se preocupam prioritariamente em elementos da sociedade, e sim, de forma muito consistente, em acumulo de capital, em maximização dos lucros e em uma cada vez mais acidentada, divisão de classes, que só perturba a sociedade, provocando cada vez mais miséria, criminalidade e exclusão social, entre muitos outros males também contundentes.

Esses são os motivos e a justificativa pela qual ANULO meu voto, e anularei de forma consciente nessa eleição. Gostaria de agir de outra forma, sendo essa a quarta eleição que ajo nesse sentido, mas atualmente acho mais importante agir assim, pelo que expus e pela discussão que consigo promover entre membros da minha comunidade.

Mas antes de terminar, ainda posso dar um último motivo para anular, que justificará o tom jocoso do título desta postagem, assim como a referência no # que faço, de modo bem humorado.

Veja, esses caras todos se elegem, e ficam quatro anos nos massacrando com sua má política e e com suas ações perniciosas com a sociedade, logo quatro anos nos F....! (Entenda como quiser).
Como é confortante e feliz para mim, saber que em um dia somente, o da eleição, poderei usar o meu dedo para anular meu voto em cada um deles, usando o "dedo do meio" para conformar minha anulação, e de forma simbólica, sinalizar a eles quando quiserem saber, onde o meu dedo na verdade deveria estar sendo colocado.
HAHAHAHA ... claro que isso é uma brincadeira bizarra, mas como se diz por ai, eu perco uma eleição, mas não perco a piada!!!! 

domingo, agosto 10, 2014

Feliz Vida de um Pai!

Para quem me conhece, eu falar que não sou nenhum pouco ligado em dia dos Pais é chover  no molhado. Continuo assim, pensando que essas datas comemorativas a Pais, Mães, Avós, Crianças, Amigos, Netos, Amantes, etecetera’s é tudo uma grande bobagem, nada mais do que uma forma sórdida de instrumentalizar consumo e construção de desejo material, conduzido pelas organizações produtivas. Portanto hoje NÃO é dia dos Pais, hoje é sim mais um dia feliz na minha VIDA de Pai. Não quero ser lembrado de maneira diferenciada neste dia, quero apenas ser lembrado pelos meus filhos, sempre que eles precisarem, sempre que for preciso estar ao lado deles.
Em respeito aos que querem ouvir algo sobre Pais, por cultivarem esse rito do dia comemorativo, resolvi compartilhar a ideia que tenho da paternidade!
Nem quero envolver nessa reflexão, minha tradição religiosa a respeito da figura do Pai. Ela para mim é presente, e justifica de maneira definitiva a origem da paternidade e a sua importância. Como nem todos refletem a partir dessa espiritualidade baseada em uma Fé, fico aqui com minha crença e agradeço a DEUS por ela e pela benção que recebi de ser PAI!
Agora ... veja como a paternidade é algo diferenciado. Acredito nessa formidável distinção a partir de três princípios fundamentadores que só coincidem com a figura da Mãe, apesar de que ela ainda consegue ser mais especial, pela maior presença na geração (O pai está presente na geração em alguns instantes, no ato físico, Mamãe fica dourando a Pílula durante longos meses).
O primeiro principio é exatamente esse. Entender que cada filho de um Pai, é o próprio Pai, junto com a Mãe. Isso mesmo, nenhum dos meus filhos é um ser sozinho, todos eles são Eu e a Mãe deles, dois minúsculos pedacinhos de nós, é certo, mas que em nós se reproduziram. Todos os outros “pedacinhos” só existem porque existe os nossos primeiros pedacinhos. No meu caso, sei que os pedacinhos que vieram depois do meu evoluíram muito, cresceram em qualidade, e isso é mais uma benção para um Pai, saber que seus filhos se transformaram em algo melhor do que o Pai mesmo foi um dia, e é hoje. É egoísta, mas é maravilhoso se realizar nos filhos a cada conquista deles.
Um segundo princípio esta baseado na autoridade do Pai sobre os filhos. Em muitos momentos de minha vida, impus e ainda imponho condições a meus filhos e não importa se estou certo ou errado, importa que eu devo fazer isso, porque eles existem a partir de mim e então cuidar deles é cuidar de mim mesmo. Uma obrigação que a natureza me impôs para toda a minha vida. Tenho uma frase nesse sentido, que ilustra o que quero dizer. Costumo dizer que “Pai e Mãe sempre estão certos, até mesmo quando erram”! Porque nunca fazem nada, quando exercem de verdade a natureza da paternidade, que não seja por expressão do maior AMOR de todos, dentre todas as relações de AMOR!
O Terceiro principio fundamentador, da relação de Pai, se remete exatamente para o significado desta relação. Pai não é amigo, Pai não é camarada, Pai não é companheiro. Pai é Pai, tá acabado! Se for preciso ser duro, até impiedoso, faz porque é Pai. Se for preciso deter a possibilidade de um caminho, detém porque é Pai. A Paternidade é uma nuvem, que tem dentro dela, características parecidas com a amizade, a camaradagem, a irmandade até. Mas se esse sentido da relação não for possível, não há problemas, porque conduzida com verdade e justiça, é paternidade é sentido maior que essas atitudes! E outra coisa ... Pai não tem que dar exemplo não, se der muito melhor, mas Pai de verdade tem que saber conduzir o filho para o que é correto, mesmo que um dia possa ter errado nisso ou naquilo!!!!
A ditatura do exemplo não deve funcionar na Paternidade, porque a qualquer erro cometido por um ser humano, que também pode ser Pai, a responsabilidade eterna da paternidade se romperia, e isso nunca pode se romper, aconteça o que acontecer!
Um Pai verdadeiro se reconhece ao longo de toda a sua própria vida. E vida de Pai começa depois do primeiro instante do milagre da geração, e se mantém em toda a vida dos filhos, em toda sua própria vida! Porque não existe Pai que abandona, não existe Pai que se afasta dos filhos, não existe Pai que tem na vida algo mais importante do que os filhos. As vezes você vê um sujeito que tem filhos e não identifica neles essas atitudes, mas dai você pode ter certeza, essas pessoas não estão exercendo a sua identidade mais, sublime no sentido e na razão ...  A Paternidade!
         Amo meus filhos, Amo meus alunos (filhos adotivos de todos os anos), Amo os filhos de maneira geral. Por isso ... Filhos e Alunos ... sigam suas vidas e não se preocupem comigo ... saibam que se precisarem de mim algum dia ... basta olhar para o lado e me chamarem, estarei lá como todo verdadeiro Pai está!

sábado, julho 12, 2014

O dilema de uma sociedade econômica versus a redenção do homem sobre a terra! #paremasmaquinas

Durante todo esse mês, enquanto aconteciam os jogos da seleção brasileira na Copa do Mundo da Fifa 2014, por uma manifestação pessoal, resolvi NÃO assistir os jogos  do escrete canarinho. Essa manifestação esteve baseada em uma forma individual de protestar contra o estado de coisas posto na atualidade, mas também na possibilidade de refletir pessoalmente e na interação com quem ler essas crônicas sobre uma série de realidades que compõe e estruturam a sociedade em que vivemos.
Inicialmente, sob meu ponto de vista, acredito que a Copa do Mundo da Fifa, reflete uma condição maior de postura social. Atualmente vivemos por um objetivo eminentemente econômico, que busca orientar a vida humana para o trabalho, como ação prioritária em busca da acumulação de capital, em detrimento da preocupação que se deve ter com a qualidade de vida, com a estruturação da cultura popular, com a integração entre as pessoas e com a convivência possível entre seres humanos e os demais elementos que compõe a biosfera.
Nessa escolha em que todos fizemos, há uma clara distinção entre seres humanos em classes sociais diametralmente opostas. De um lado um pequeno grupo de pessoas que detém os meios de produção, que serão aplicados na produção de mercadorias e sua disponibilização ao consumo, se apropriando indevidamente do excedente de capital que esta distribuição acarretar; de outro, a grande massa social, que incapaz de possuir meios de produção e pressionados pela necessidade de sobrevivência, se enquadram no sistema socioeconômico, vendendo sua força humana de trabalho e garantindo o consumo das mercadorias postas a venda. Essa divisão cria cada vez mais dois grupos muito distintos em relação ao capital, sendo que o primeiro, cada vez mais restrito acumula capital intensivamente, se aproveitando das benesses desse efeito e reinvestindo o excedente em outros mecanismos de produção industrial e serviços; e o segundo grupo, restrito de condições econômicas, ou garantem sua sobrevivência da forma que lhes é possível, ou sendo arrastados para o banimento das condições razoáveis de vida humana, aumentando o contingente de excluídos deste sistema econômico voraz.
Nesse formato, há um papel de mediação, cumprido pelo Estado, organizado por governos em diversos níveis, municipal, estadual e federal, no caso de nosso país, que apesar de ter surgido para atender o interesse da sociedade como um todo, acaba se tornando organismo servil da minoria que detém o poder econômico. Os governos e os políticos, são inicialmente escolhidos na grande maioria das vezes pelo instrumento social do voto, onde todos os cidadãos tem o direito constitucional de exercer seu poder de escolha, contudo, após assumirem seus cargos públicos, pervertem o desejo popular de quem os escolheu e assumem um papel na institucionalização, judicialização e proteção das organizações econômicas, no sentido de garantir-lhes cada vez mais privilégios e caminho livre para atingirem seus objetivos de lucro e acúmulo incessante e progressivo.
Nesse contexto de perversão da sociedade de todos para a sociedade de garantia às organizações econômicas, há ainda um pesado esquema de produção de cultura de massa, criando um ambiente que aliena as mentes humanas, produzindo nas pessoas uma automação para o trabalho e para o consumo, em detrimento a sua ação social coletiva, construída no amálgama formado pela cultura popular, pela integração dos seres e pela interação com a natureza, que promova a vida em sociedade ordenada pela busca da qualidade de vida e o uso adequado de recursos naturais.
Essa escolha socioeconômica enfim, torna-se possível apenas no formato intensivo, tanto na concentração humana, quanto na produção crescente de produtos, bens e serviços, para o consumo que produz acúmulo de capital. Por isso as estruturas são organizadas a partir da criação de grandes aglomerações humanas, concentradas em espaços geopolíticos de fácil acesso pelos mecanismos de distribuição e massificação humana, torneadas pela cultura de massa, que determina a homogeneização das pessoas, de suas escolhas e seus costumes. Vivemos em grandes tribos, pensando e desejando a mesma coisa, que a máquina de produção das estruturas de organizações econômicas cria e que a indústria da cultura de massa implanta em nosso inconsciente como produtos de nosso desejo.
A Fifa, organizadora central da Copa do Mundo, é um exemplo desse tipo de organização econômica, que como muitas outras, são núcleos vitais desse sistema. Comandam a sociedade econômica, a partir de uma dominação formal e legal, possível a partir da burocratização da vida em sociedade, e da limitação e opressão que os governos servis impõe aos cidadãos. Somos todos nós, classe dominante e classe dominada, estereótipos autômatos, criados por uma cultura de massa, onde uns compõe uma elite, e todos os outros, servos do sistema econômico que sustenta e provê os objetivos econômicos.
Na verdade não poderia concluir essa reflexão com tom de apologia contra ideológica, sem emitir uma posição pessoal sobre o que escrevo. Minha posição contrária está, e esteve ao longo de minhas crônicas, muito clara. Esse império de alguns sobre todos, instalados nas estruturas das organizações econômicas e defendidos pela estrutura de um Estado servil e corrupto, potencializando a riqueza de um lado, e a opressão e dizimação das possibilidades de vida igualitária da sociedade de outro, não reúne condições de existência perene, sem que o caminho seja o caos e a extinção da raça humana. Mas frente a essa realidade hostil, qual é a solução?
É Evidente que não vou escrever em algumas próximas laudas desta reflexão, onde no final serão apresentadas soluções para esse dilema indissolúvel. Não tenho a mínima capacidade intelectual que sinalize qualquer possibilidade nesse sentido. Aqui, e no decorrer do texto, há uma posição de um cidadão, que organiza algumas ações que podem estar orientadas para uma transformação, que mesmo que mínima no contexto holístico da sociedade, são resultados de minha opinião pessoal na transformação da sociedade.
Primeiro de tudo, há uma necessidade eminente de reduzirmos o ritmo frenético de produção de mercadorias, bens e serviços, que alimentam um esquema de consumo absurdo, tanto pelo fato de que são muito maiores em volumes, daquilo que realmente necessitamos, e ainda pelo fato de que, para sua viabilização produtiva, está ocorrendo uma apropriação abusiva dos recursos naturais disponíveis.
O movimento que tenho chamado, ao longo de minha atividade acadêmica, de “parem as máquinas”, encaminha a organização econômica para isso. O consumo, orientado para necessidades humanas baseadas no uso e não na troca, exige uma demanda muito menos de produtos, bens e serviços, o que produziria de modo crescente uma redução dos mecanismos de produção industrial e ação mercantil. Essa redução instituiria uma nova demanda humana, menos intensiva e baseada em desejos estéreis, criados por posição de status social e discriminação de uns em detrimento de outros.
Quando me refiro a uma parada nas máquinas, não estou dizendo que, de hoje para amanhã, precisemos fechar todas as fábricas de automóveis, refrigerantes, calçados, etecetera; ou intervir em todos os bancos privados, redes de televisão, e federações internacionais de futebol, como a Fifa, ou outros esportes. O que digo, é que será necessário uma sociedade que conduza o cidadão para usos e costumes não econômicos e sim sociais. Os lucros das organizações econômicas tem que existir, mas em grande parte e necessariamente, reverterem-se em ações que promovam o fim da exploração humana para o trabalho, em investimentos sociais que complementem a subsistências das massas que não tem possibilidade de emprego e renda, em humanização dos espaços urbanos, hoje criados para prédios e carros, em detrimento da natureza e das pessoas.
A cultura de massa, que homogeneíza o pensamento humano, fazendo com que só um componente cultural seja absorvido por uma grande massa de pessoas, precisa interromper seu processo de crescimento. Essa cultura, produzida por organizações de comunicação elitizadas, orientadas e comandadas apenas por um grupo seleto de pessoas, precisa ser tomada por grupos mais diversos, mais amplos, mais democraticamente constituídos. Os conhecimentos precisam ser aplicados em uma base de referência ampliada, com uma gama de informações que considere várias tendências, tipos de seres humanos mais diversos, homens, mulheres, orientações sexuais diferentes dessas; raças diferentes da predominância branca; cidadãos da periferia, das cidades, das colônias, das tribos, enfim, a cultura deve ser constituída de tantos fragmentos, quanto tantas manifestações distintas sejam produzidas.
Essa “nova expressão cultural” tem um nome, e nos remete a algo que não é novo, e sim foi reprimido pela cultura de massa. A cultura tradicional, que aplica conhecimentos a partir de sabedorias antigas, passadas à sociedade geração após geração, dos nossos avós a nossos pais, e dai para nosso domínio, é esse núcleo cultural poderoso, capaz de reconstituir uma sociedade de homens e da natureza. A cultura tradicional existe no seio de cada uma das comunidades, e a diferença de uma comunidade para outra tem que ser preservada, sob pena de romper a independência e legitimidade de povos que fazem escolhas para si e para seus pares e desta forma romper a vida em sociedade como um todo, pois na há igualdade, em ambientes que distingam uns, com poder, e outros, minorias reprimidas. A cultura tradicional é a cultura da musica que queremos ouvir, da roupa que queremos vestir, da comida que queremos digerir, e não de uma única “coisa” criada apenas na premissa da produção e do consumo intensivo.
Outro efeito indispensável para a pulverização do dilema que nos corrompe, é a incondicional destituição dos aglomerados urbanos. Atualmente vivemos empilhados em caixotes de concreto, em formigueiros humanos, em apinchados de seres autômatos. Tribos condicionadas que pensam do mesmo modo, caminham para o mesmo sentido, respiram o mesmo ar, cada vez menos privados de oxigênio e ar saudável, cada vez mais orientados pela mesma flauta hipnotizante. O interior dos territórios nacionais estão abandonados a sua própria sorte, porque esses espaços geográficos estão longe da possibilidade de distribuição lucrativa de produtos, ou são absorvidos pela produção intensiva de “commodities”, ou seja, uma roça comum de produtos agrícolas que não são produzidos para que a população seja alimentada, mas sim para criar contratos financeiros, e exportadas para locais do planeta, que não tem a menos identificação com sua geração natural. Esses espaços, mais organizadamente distribuídos, criarão populações mais consistentes em sabedorias, bem estar e convivência saudável com suas comunidades e com a natureza. As máquinas precisam parar também na produção intensiva de alimentos, onde as safras são decididas primeiro nas bolsas de valores espalhadas pelo mundo, e depois se determina quando serão consumidas e quem fará isso, muito embora na maioria das vezes são produto de desperdício, apodrecendo em estoques mundiais, enquanto milhões de cidadãos passam fome por serem excluídos de sua existência.
Finalmente, a lógica do Estado precisa mudar, os governos e governantes precisam mudar, a política e as formas de gestão precisam mudar. A institucionalização de uma democracia representativa foi produzida face as grandes aglomerações urbanas, onde poucos tem que decidir por muitos. O Fim das aglomerações irá certamente contribuir para uma forma mais direta de democracia, onde todos, o tempo todo, podem tomar suas decisões de existência. Uma política de poucos políticos, produziu ao longo da história, e produz nos dias de hoje, a existência de sujeitos individualistas, que pensam exclusivamente em deter poder e dinheiro, não se importando com decisões que sejam de atendimento amplo as comunidades. Desta ação egoísta de nossos políticos, surgiu a corrupção, as barganhas, os favorecimentos, a improbidade e a riqueza ilícita. O fim desses personagens sinistros é uma necessidade eminente de uma nova sociedade, que pode pensar no milagre da manutenção da vida e da natureza.
Nesse momento, creio que a Copa do Mundo da Fifa tenha acabado para a seleção brasileira. Já sabemos que a derrota acachapante que esses sujeitos, atletas operários da Fifa, sofreram. O que acho sinceramente, é que os atletas campeões e os derrotados perdem. Os primeiros menos, pois tem um resíduo de alegria, baseado nas migalhas da conquista histórica, que não é nada perto dos volumes que a exploração sobre eles criou, e os outros ainda pouco, pois sua derrota só será sentida por eles mesmos, e pela população que os apoia. Essa tristeza e alegria estéril e superficial, é produto da cultura de massa difundida pelas organizações econômicas como a Fifa, que cria esse circo de ilusões, e sob suas lonas acumula as imensas vantagens econômicas que esses pobres atores sociais produzem a elas. Esse tipo de sociedade tem de acabar. Por isso escrevi tudo isso, ao longo desse mês que abrigou no tempo esse evento de alguns lobos e milhões de carneirinhos!

terça-feira, julho 08, 2014

Da vida em sociedade à vida em função das organizações econômicas – A grande transformação da modernidade. #fifaloboemaquina

Desde a origem da vida humana, ha milhões de anos atrás, há uma constatação com a qual todos nós devemos conviver. O Homem não é um ser só. A vida acontece de forma coletiva. Mesmo que constituído de forma individual, a integração com outros indivíduos é absolutamente inescapável. Esse dilema absolutamente sem solução teve que, ao longo do tempo, construir mediações possíveis. Dessa forma o homem estabeleceu relações entre si, cujas determinações buscavam permitir que cada sujeito, mesmo com seu próprio estado de natureza, pudesse conviver com outros, em uma relação que permitia a convivência pacífica e detinha um estado constante de guerra de um contra todos e de todos contra um. Alguns teóricos defendem essa relação a partir de um comprometimento que chamam de “contrato social”. Sem discutir sua validade teórica, nem estabelecer contraponto com outras teorias, quero iniciar essa reflexão incorporando três personagens nessa relação interativa, a partir de uma perspectiva conduzida por esse conceito: o indivíduo, o governo e as organizações, que originalmente tratarei como organizações produtivas.
Pois bem, a sociedade é composta por indivíduos. Esses para estabelecer uma relação de paz, constituem indivíduos em particular, que compõe o governo, que tem a incumbência de manter a sociedade em convivência pacífica, responsabilizados por sua integração, e ordenando o atendimento de suas necessidades. Tais necessidades sociais são organizadas fundamentalmente pela produção, o que infere no contexto ainda um terceiro indivíduo, as organizações de produção. Essa tríade de sujeitos em sociedade, apresentados de forma bastante analítica, descrevem comportamentos sociais que caracterizam todo grupo, de forma coletiva ou individual. Assim os homens se reproduzem, se asseguram dos perigos, suprem sua existência, garantem sua alimentação, seu trabalho natural, se divertem, se associam às crenças pessoais ou coletivas, constroem sua história e sua cultura.
Deste contexto, minha reflexão agora quer extrair a produção, ou seja, o homem para suprir às nuances de sua vida em sociedade, descreve uma ação social fundamental: a produção.
Para que o convívio social seja possível, as necessidades humanas devem  ser supridas de alguma forma e por isso surgem nos meios sociais os modos de produção. As Organizações produtivas, como chamo nessa reflexão, são então as formas estruturais que garantem a produção.
No início da vida em sociedade, tais organizações eram estruturadas de forma primitiva, com uma relação de gênero minimamente determinante, enquanto homens se afastavam das tribos para atividades de caça e pesca, as mulheres se mantinham nelas, cuidando e protegendo as crias (filhos), elaborando outras atividades produtivas instaladas na própria tribo (dizem que essa foi a origem da agricultura). Com a evolução da espécie, as tribos começaram a propagar-se, inclusive interagindo com outras tribos, originando relações de troca, constituídas a seguir pela atividade do comércio. Outras organizações, ligadas ao governo ainda se fundavam, mas especialmente para garantir segurança e organização dos aglomerados que se formavam, especialmente com a fixação do homem a terras de modo definitivo.
A evolução dessa vida em sociedade, na antiguidade estabeleceu outras organizações elaboradas de forma mais complexa, contudo ainda como organizações produtivas.
Essa forma de exercício do modo de produção, atravessa a antiguidade e se consolida na idade média, caracterizando uma involução dada pela constituição de feudos, onde comunidades viveram mais segmentadas em grupos sociais, regidos por senhores feudais, nomeados por um governo de soberanos, que se caracterizava pelo autoritarismo. A  orientação cultural e a espiritualidade tinha uma contribuição determinante imposta pela influência de uma igreja forte, que dominava e subjugava os serem sociais, a partir da de uma doutrina opressora e incisiva. Esse modelo impunha uma vida em sociedade mais reclusa, mas notadamente protetiva de incessantes perigos invasivos, provocados por guerras constantes e a instituição da barbárie.
Esses perigos à sociedade passam a ser combatidos pelo amadurecimento do poder central, autoritário e soberano, que mantinha o modo de produção baseado na manufatura artesanal e na agricultura, onde as organizações cresciam em complexidade, mas se mantinham eminentemente produtivas. Contudo, com a maior liberalização da sociedade, ideias iluministas se expandem na busca de uma ampliação da liberdade entre os sujeitos. Alguns especificamente, protegidos por privilégios do governo, pela instituição  de leis voltadas para seus interesses e por sua iniciativa mercantil, se destacam em relação a grande maioria, e tomam a frente das organizações produtivas, culminando com a origem de uma classe social distinta, no período originário chamado idade moderna.
Esses privilégios distintivos, fizeram com que essa classe social, diferenciada e dominante, provocasse uma extraordinária revolução cultural na sociedade. Sua força de influenciar o governo (muitas vezes de conduzir o governo) e de possuir os meios de produção para si, os dotaram de uma capacidade de domínio das organizações produtivas, que sob seu comando exclusivo, transformaram-se em organizações interessadas não mais em atendimento das necessidades sociais, prioritariamente, e sim em um outro tipo, voltadas para acúmulo de capital. Esse marco social determinou a inversão do modo de produção, antes artesanal e agrícola, para outro interessado no capital e nominado modo de produção industrial. Desta inversão cultural gigantesca surgem o que chamo aqui de organizações econômicas.
Tais organizações econômicas então, são aquelas que atendem as necessidades da sociedade em geral, mas não interessadas no uso de cada produto e sim na troca por capital, oferecendo a seus mandatários acúmulo constante e intensivo das riquezas sociais e cada vez mais, tornando-os uma classe distinta e privilegiada.
A organização econômica, nesses moldes capitalistas e industriais, que quero discutir nesse momento é a que implantou, estabelece e conduz o que vivemos na atualidade - A Copa do Mundo da Fifa no Brasil – A organização econômica chamada Fifa.
Isso mesmo, esta organização econômica, muito embora não tenha no escopo de seu produto principal um bem de manufatura, cresce vertiginosamente na produção do serviço do futebol. Se apropria dessa cultura popular centenária exclusivamente para beneficiar uma classe privilegiada e acumular cada vez mais capital em torno de suas estruturas econômicas.
Exatamente como as organizações econômicas originarias do inicio da idade moderna, a Fifa conduz suas ações a partir de ações determinantes na caracterização do conceito dessa forma organizacional. Acumula capital, se utiliza dos artifícios orientados pelo mercado e promove ações baseadas em eficiência produtiva e burocrática, transformando-se cada vez mais em uma organização gigantesca, inatacável e indestrutível, mas também elitista e discriminante.
No caso das copas do mundo, temos isso muito claro. Desde sempre esse evento é orientado pela ditadura de gestão imposta pela Fifa, subjugando governos, outras organizações complementares e a sociedade de modo geral. O Padrão Fifa, padroniza tal força elitista e dominadora, estabelecendo estereótipos em torno de seu eventos, que produzem condições de poder e controle absolutos de todos os outros envolvidos.
De modo prático e direto, podemos citar algumas ações em torno da organização de uma copa do mundo que confirma essa imposição da organização econômica Fifa. Os governos do país sede, em todos os níveis, municipal, estadual e federal, tem que criar condições apropriadas para a manutenção do poder e do privilégio da Fifa. Leis são criadas, organizações são reorientadas, investimentos públicos e privados são empenhados, tudo em função da organização econômica dirigente, a superpoderosa Fifa.
Os seus dirigentes, são protegidos em suas ações, sejam elas corruptas, criminosas, elitistas ou discriminatórias, não importa! Há uma blindagem estabelecida pelo contexto socioeconômico, garantida por governos, em leis e estruturas institucionais; outras organizações complementares, que com sua ação ganham economicamente na distribuição de seus produtos e serviços; e pasmem, pela sociedade em geral, que hipnotizada pela onda sedutora da indústria de comunicação de massa, garantem sua ação pervertida, pela associação emocional que assumem nos eventos ligados a copa o mundo, e especialmente, nesse evento maior.
Veja por exemplo, no que se refere a associação dos sujeitos da sociedade em geral, como a dominação é algo subliminar. Os voluntários da Fifa, sujeitos que garantem a possibilidade de ocorrência da grande maioria de eventos e estruturas da copa do mundo, trabalham sem ganhar nenhum tostão, são submetidos a ordens que reprimem seus movimentos, são excluídos do evento em sua característica de entretenimento, e mesmo assim, surgem com uma satisfação eufórica e compensatória de suas possíveis “perdas”. Não se dão conta que a Fifa economiza milhões de dólares em expensas, a partir de sua voluntariedade. Se contentam com um lanche, a aproximação dos astros (também agentes sociais explorados) e uma possível experiência para trabalhar no futuro em uma organização econômica. Saem felizes para a vida toda!
As ações de exploração e expropriação, destaca privilégios a sujeitos e organizações em dimensão secular. Os dirigentes são representantes de uma elite cada vez mais reduzida. Os dirigentes se mantem na Fifa por décadas, como no caso de seu atual presidente e do presidente anterior, que por acaso é um brasileiro, intocáveis em suas ações.
Centenas de organizações complementares orbitam em torno dessa organização econômica, sustentadas a base de privilégios, propinas e cooptação por pressão e dominação burocrática, sem sair desse entremeado circulo vicioso, ou por medo que a organização central as destrua, ou por usufruir privilégios paralelos que os mantém também corruptos e dominadores.
Assim, acredito que minha reflexão posta, possa identificar porque de minha manifestação de protesto. NÃO assistindo os jogos da seleção brasileira na copa do mundo, dessa organização nociva e inescrupulosa, a Fifa!