Blog do Professor César Renato


Depois de algum tempo inativo, e pela disposição e necessidade de estabelecer novamente um canal de comunicação com meus interlocutores externos, este blog volta ao ar.
Nele pretendo, dentro do possível, semanalmente discorrer sobre algumas questões que julgo importantes e que percorrem minhas comunidades em alguma medida, tanto no micro-espaço que me situo, quanto no macro-espaço social onde estamos todos.
Quem pretendo alcançar são aqueles que estou mais perto, como família, especialmente meus filhos, amigos, alunos e colegas em geral. Minhas colocações buscam alcançar meu ponto de vista sobre temas que acredito serem pertinentes a discussão.

sábado, outubro 04, 2014

Um dia da Caça, Quatro anos do Caçador! Viva o dia da Caça GARGALHAR!!!! #Apertoconfirmacomdedodomeio

Amanhã vivemos no Brasil mais um dia de eleição. E desde 2009 tenho refletido muito, antes e em dias como esse. Amanhã estou decidido a ir as urnas e anular meu voto. Isso mesmo, ANULAR, não votar em branco, como faço a três eleições passadas. Digitar na urna um contundente 99 e apertar confirma (A brincadeira que fiz no título se refere a isso, mas falo mais tarde sobre ela). Então, como tenho me manifestado no Blog sobre coisas que julgo importante, resolvi partilhar minha opinião e as justificativas dela aqui, para refletirmos juntos.

Antes de dissertar sobre o objetivo que expus acima, quero refletir historicamente, para que possa fazer-me entender, sobra a dimensão da qual a política tem na formação do meu sujeito.

Sou ativista político há muito tempo, iniciei minha militância a partir do Movimento Estudantil Secundarista, como uma grande parte dos cidadãos, aliás. Em 1976, freqüentava pela primeira vez uma passeata de protesto contra o governo militar, nas ruas de São Borja (Terra do Getúlio, Jango e Brizola, outros importantes ativistas, com os quais nunca tenha nenhum tipo de simpatia por suas histórias de luta). Sou natural de Porto Alegre, e na época era dirigente estudantil de uma escola em Novo Hamburgo, três cidades do Rio Grande do Sul. Aconteceu de ser em São Borja porque estávamos em um encontro de estudantes na cidade.

Depois disso participei da direção de entidades estudantis em nível municipal e estadual, assim como, de grupos fechados, dedicados em estudos marxistas e vislumbrando as possibilidades socialistas de formação de Estado.

Na política partidária militei como cabo eleitoral de alguns políticos, sendo o mais importante, José Fogaça, Gaúcho de destacada atuação política em nível municipal, estadual e federal, durante longos anos. Nessa época tinha uma associação com o antigo MDB e logo depois com seu partido antecessor, por conta de uma reforma partidária, o PMDB.

Porém, em 1979, em todo o Brasil, exatamente por conta dos movimentos de reforma partidária, começaram a surgir iniciativas de formação de um partido que representasse com mais legitimidade a esquerda brasileira, reunindo intelectuais, trabalhadores, estudantes e outros cidadãos, preocupados em transformações sociais e econômicas de cunho mais popular e democrático. Foi nessa onda reformadora que surgiu o PT no Brasil. Nessa época, me desliguei do grupo a que pertencia e comecei a militar dentre os que estiveram envolvidos com a fundação do PT, tanto em Porto Alegre, quanto em Criciúma, em Santa Catarina, já que minha vida me fez mudar para essa cidade.
Minha participação na ordem política caminhou assim, muito embora ocupando uma posição de bastidores, como um dos fundadores do PT e como ativista, especialmente no Movimento Estudantil.

Desde lá tenho procurado me envolver na vida política das comunidades onde vivo, de forma a compro soluções possíveis para a construção de uma sociedade melhor, mais democrática, inclusiva e igualitária.

Em 2009, por conta das eleições presidenciais e extremamente frustrado com os acontecimentos que norteavam a construção histórica do PT e sua atuação em nível nacional, decidi pela primeira vez abandonar toda e qualquer militância, e desde então não só ANULAR meu voto, mas também promover uma discussão sobre política e Estado, com os membros de minha comunidade.

Esse ano, nessa eleição, a decisão se mantém, e agora já posso começar a expor os motivos pelos quais reitero minha posição com relação ao meu voto.

A alternativa filosófica do meu voto, se orienta pelo modo de governo que acho o mais apropriado para o Estado. Acredito no Socialismo, por entender que é nele que há a possibilidade de uma ampla associação dos homens em geral à igualdade, democracia, justiça social e integração humana. Por essa orientação é importante dizer que trata-se de um Socialismo de Estado, sem elementos de concentração de poder e instrumentos burocráticos na regulação da vida das pessoas. O Socialismo que acredito é o que possa ser processado através da prática da Democracia Comunitária, onde efetivamente todos estão envolvidos na tomada de decisão, e somente a gestão de tais decisões ficam a cargo de um grupo menor de pessoas.

Se a orientação é essa, no momento político partidário atual, minha alternativa deveria se concentrar em somente cinco partidos, dentre os existentes, quais sejam o PT (maior deles), o PCB, o PSOL, o PSTU e o PCO.

Não poderia, devido a história política que formou meu sujeito eleitor, nem sequer pensar em votar em outros partidos, os quais divido em três grupos. Os grandes partidos de direita e centro direita, quais sejam, PSDB (maior deles), DEM, PSB, PP, PDT, PV, entre outros. Os Partidos menores, que se formam por casuísmo político, tais como SOLIDARIEDADE, PSD, PR, P c Do B, entre outros e os partidos "nanicos", que só existem para acolher oportunistas das benesses que a política oferece a pessoas e instituições. Não citarei tais siglas, primeiro por que não interessa a essa reflexão, segundo porque são tão inexpressivas que certamente serão esquecidas logo após lidas. Nesses três grupos, concentra-se basicamente uma elite social sectária, preconceituosa e de profissionais da política, e sua existência se elabora pela vantagem política, interesses individuais, e inclusão em grupos de benefícios, resultado de troca de favores entre os grupos e emendas legislativas e executivas, que distribuem o dinheiro público circulante no meio político.

ANULAR meu voto é resultado do entendimento que esse quadro político partidário atual é inútil, impreciso e pernicioso a sociedade, e minha associação a qualquer um deles seria um aval que efetivamente não quero dar.

As pessoas tem me dito que dentro dos partidos ainda existem sujeitos que merecem um voto de confiança, acredito que isso seja verdade, contudo não mudo minha decisão em função dessa argumentação, por dois motivos. O primeiro é que pessoas individualmente, em esquemas partidários, não podem promover soluções, já que devem respeitar estruturas engessadas e autoritárias, protegidas pela legislação eleitoral que protege o corporativismo existentes nos partidos, o segundo e mais importante que o primeiro, é que invariavelmente, por mais honestas que as pessoas sejam, a história recente tem provado que, uma vez eleitas, as pessoas tem cedido às tentações do acesso ao poder e benefício econômico, e esquecido sua historia anterior, limpa e consciente.

Com relação aos partidos, devo dizer que com os quais me identifico pela filosofia que acredito, há motivos para não votar. O PT por exemplo, muito embora tenha proposto os únicos programas sociais efetivos e importantes para esse país, desde sua história original, peca por não conseguir pô-los em prática, por incompetência administrativa e para não confrontar com interesses econômicos, políticos e sociais, quando se vê pressionado por organizações econômicas e membros da elite social no país, tais como médicos, banqueiros, industriais, entre outros. Além disso, o PT, a fim de instrumentalizar o Estado e se manter no poder, tem reíficado práticas de compra de influência, desfio de dinheiro público e corrupção das instituições de toda ordem, que se não é feita por todos, e acho que não é, é reconhecidamente prática que caracteriza a presença e força partidária que se impõe no quadro nacional.

Quanto aos outros partidos que entendo socialistas, esses cometem um erro que não se pode admitir quando se fala em gestão do Estado. Tem consciência política madura e orientada para o bem da sociedade, mas não tem consistência na apresentação de propostas que sejam capazes de gerir a sociedade, sem deixa-la sensível ao caos socieoconomico provocado pela quebra radical das estruturas que movimentam a sociedade na atualidade. A transição para um sistema político como o socialismo, em uma sociedade como a brasileira, eminentemente capitalista, tem de ser de forma consciente e considerando um tempo de transição, o que tais partidos não admitem, propondo mudanças radicais, utópicas e certamente traumáticas para ao povo de forma geral, que nem se reconhece nessa nova filosofia proposta.

Quanto aos motivos de não votar de forma alguma nos outros partidos, posso agrupá-los em três grandes conclusões. Primeiramente, são todos constituídos de representantes da elite social deste pais, que quer garantir benefícios para os ricos e capitalistas, usando a classe média como massa de manobra na consecução de seus objetivos. Em segundo lugar, a grande maioria dos políticos não tem formação em grupos da comunidade, são políticos profissionais, que tem origem em famílias de outros políticos, que tem transmitido cargos e influência ao longo de milhares de anos, somente acessam a vida pública em função de benefícios escusos, herdados de seus antecessores da política. Finalmente Esse políticos, que nem tem uma filosofia muito consistente, defendem, mesmo sem imaginar a dimensão disso, o capitalismo neoliberal e suas instituições de suporte, que não se preocupam prioritariamente em elementos da sociedade, e sim, de forma muito consistente, em acumulo de capital, em maximização dos lucros e em uma cada vez mais acidentada, divisão de classes, que só perturba a sociedade, provocando cada vez mais miséria, criminalidade e exclusão social, entre muitos outros males também contundentes.

Esses são os motivos e a justificativa pela qual ANULO meu voto, e anularei de forma consciente nessa eleição. Gostaria de agir de outra forma, sendo essa a quarta eleição que ajo nesse sentido, mas atualmente acho mais importante agir assim, pelo que expus e pela discussão que consigo promover entre membros da minha comunidade.

Mas antes de terminar, ainda posso dar um último motivo para anular, que justificará o tom jocoso do título desta postagem, assim como a referência no # que faço, de modo bem humorado.

Veja, esses caras todos se elegem, e ficam quatro anos nos massacrando com sua má política e e com suas ações perniciosas com a sociedade, logo quatro anos nos F....! (Entenda como quiser).
Como é confortante e feliz para mim, saber que em um dia somente, o da eleição, poderei usar o meu dedo para anular meu voto em cada um deles, usando o "dedo do meio" para conformar minha anulação, e de forma simbólica, sinalizar a eles quando quiserem saber, onde o meu dedo na verdade deveria estar sendo colocado.
HAHAHAHA ... claro que isso é uma brincadeira bizarra, mas como se diz por ai, eu perco uma eleição, mas não perco a piada!!!! 

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