Blog do Professor César Renato


Depois de algum tempo inativo, e pela disposição e necessidade de estabelecer novamente um canal de comunicação com meus interlocutores externos, este blog volta ao ar.
Nele pretendo, dentro do possível, semanalmente discorrer sobre algumas questões que julgo importantes e que percorrem minhas comunidades em alguma medida, tanto no micro-espaço que me situo, quanto no macro-espaço social onde estamos todos.
Quem pretendo alcançar são aqueles que estou mais perto, como família, especialmente meus filhos, amigos, alunos e colegas em geral. Minhas colocações buscam alcançar meu ponto de vista sobre temas que acredito serem pertinentes a discussão.

quinta-feira, setembro 01, 2011

Movimento nas Universidades

Hoje, lendo sobre uma manifestação de estudantes na UEM em Maringá, me deu um sopro de esperança. Coincidentemente, na Unicentro em Irati, estamos vivenciando o processo eleitoral para a escolha de diretor de campus, assim como reitor, no âmbito da Universidade como um todo.
Tivemos um debate, veja, promovido pelo DCE que, tal como Maringá, se manifesta no sentido de construir ação na Universidade, coisa que andava meio rara por aqui.
Quanto ao processo político aqui na Unicentro, os ventos sopram bem, já que temos dois candidatos majoritários, o Edélcio e o Gilmar, com intenções importantes e construtivas. O primeiro bem mais preocupado com a gestão administrativa e o segundo com fundamentos que movem a Universidade como instituição na educação pública, gratuita e de qualidade, mas ambos com um pouco de todo o resto também.
Particularmente me posiciono a favor do Edélcio, dado a importância que devemos dar a este momento de nossa instituição, especialmente na estruturação de uma Universidade que não temos, preocupada com um planejamento de gestão consistente, com representatividade do campus Irati junto a Unicentro como instituição e especialmente na organização de um corpo de servidores e estudantes, que ocupe espaços hoje não ocupados e que passe a representar nossa instituição, tanto na comunidade interna, quanto externa.
Tenho pelo Gilmar uma estima pessoal, dado que se apresenta como um educador consciente das necessidades políticas e institucionais de nossa Universidade, e de quanto ela precisa amadurecer para continuar uma trajetória de crescimento, reconhecimento e valorização, e creio que ele ainda irá contribuir muito em outras instâncias. Nesse momento sinto que precisamos de um gestor mais preparado, mas que seja um pouco o que o Gilmar é na nossa Unicentro.
Finalmente, e voltando para os estudantes, reitero minha felicidade quanto a atitude de nosso DCE, que conduz uma discussão política e institucional, através do debate, a partir da base mais importante de uma instituição como a nossa, o estudante, objeto principal de todos nossos esforços.
Como professor da Unicentro, fico radiante com isso, dado que estudantes conscientes e militantes fazem o processo todo se movimentar com maior qualidade, mas quero como gestor de extensão, que estou atualmente, possa aproveitar essa maturação, para colher bons frutos na construção de um conhecimento efetivo e consistente para todos nós, dentro e fora dos muros da nossa Unicentro.

terça-feira, julho 26, 2011

Administração: da origem aos pioneiros clássicos

Origem e consolidação como ciência e prática




No surgimento do homem, surge a necessidade. Tal surgimento, entendendo seu significado, pode inferir que para atendê-la é preciso a administração, a partir de uma ação racional e influenciada pelo comportamento. Esse contexto implica a possibilidade de entender o termo administração, pelas abordagens morfológica e epistemológica e, ainda pela análise do verbete no dicionário que se refere a ação de administrar como sendo o atendimento melhor aos negócios, visando lucros.

Desde a sua origem, esta ação é delegada a grupos. No início, dada a consideração tácita do que descreve o "contrato social", estes grupos eram compostos pelos que tinham força para sustentar o poder, depois os que eram delegados pelo poder divino e mais adiante ainda, por quem dominava técnicas práticas de cada ofício, na produção artesanal e agrícola.

Até este ponto na linha do tempo, as necesidades eram produzidas para auto-atendimento ou trocas do que excedia, produtos tinham por isso, exclusivamente valor de uso. A ambição primeiro política, mas fundamentalmente econômica, de uma pequena parte da sociedade, estabeleceu a mercadoria para atendimento das necessidades e a ela inferiu-se valor de troca, que possibilitava a este extrato social, acúmulo de riquezas e poder econômico e a expansão do modo de produção, agora industrial e capitalista.

Cronologicamente os eventos que possibilitaram essa inversão foram o Mercantilismo, que expandiu mercados, a criação das fábricas, com investimentos na produção e na tecnologia especialmente pelas invenções, a supressão do poder absoluto, determinado pela Revolução Francesa, e a consolidação do modo de produçao capitalista, substituto do agrícola e artesanal. Aliás, tais revoluções são reconhecidas como o marco da idade moderna, que também marca a origem do pensamento administrativo moderno.

A partir de estudos do economista Adam Smith, especialmente publicados em sua obra "Uma investigação sobre a natureza e a causa da riqueza das nações", que define a viabilidade de produção escalar a partir da "divisão do trabalho", onde uma tarefa total é fragmentada em muitas outras menores, e da "especialização", onde cada trabalhador se dota de eficácia em somente uma dessas tarefas menores, a administração moderna se inicia. Estas condições e esse fundamento propulsor da lógica de produção, suprime o conhecimento do homem, enquanto trabalhador, e estabelece uma espécie de "escravização branca" deste homem, subjulgando-o aos sujeitos capazes de investir, chamados capitalistas. Tais investidores são quase que exclusivamente beneficiados com o lucro das novas formas de produção e consumo.


A ciência compondo com a Administração Moderna


Muito embora, outros estudiosos pioneiros do campo da administração tenham contribuido, como Charles Babbage, na discussão sobre estrutura de instalações, e ainda Henry Poor, com estratégias de produção das linhas de transporte ferroviário , na verdade os precurssores reconhecidos da administração clássica foram outros dois, Frederick Winslow Taylor e Henry Fayol.

Por Taylor se experimentou , na verdadeira acepção da palavra, a ciência na prática administrativa. Ele, como operário de uma siderúrgica americana, implantou pela observação e experimentos, estudos que deram caráter cientiífico a administração, tais como estudos de tempos e movimentos, que se baseavam na medida de cada operação, minunciosamente, em seus tempos e movimentos para praticá-las e remuneração por peças, que consistia em estimular o trabalhador a cooperar com mais produção, recebendo em contrapartida mais remuneração, o que ratificava os estudos de Adam Smith, quando da especialização das tarefas.

Já como engenheiro chefe, formação efetivada enquanto trabalhava, consolidou a ciência na prática administrativa através do que conhecemos como "Principios da ciência no trabalho", aprimorando-o em si, no trabalhador e sua qualificação, na seleção científica de novos trabalhadores, na busca da cooperação entre quem realiza a tarefa e seus comandantes e investidores e apurando mais a especialização funcional. O trabalho de Taylor foi legado ao pensamento administrativo a partir de sua obra "Princípios de administração científica".


A Gestão Clássica entrando em cena


Henry Fayol, de forma muito mais conceitual e técnica, dada a sua formaçao acadêmica anterior a ação como gestor, estabelece a ação de administração como uma prática de gestão. Propõe a administração "de cima para baixo" e não pela simples observação da prática. Pioneiramente define administração pela conjunção dos elementos expressos na sigla PODC. Planejar no ínicio da gestão toda a ação, Organizar recursos e materiais que dão base a ação de produção, Dirigir cada ação de forma sistemática e racional e Controlar cada plano e cada elemento anteriormente organizado.

No que chamou de "Funções Administrativas", categorizou seis funções chave. A função Técnica, que tratava da produção como função de base na operação, a Contábil, que controlava receitas e despesas, a Financeira que definia gastos e investimentos, a de Segurança, que procurava garantir os meios de forma equilibrada e constante, a Comercial que tratava das operações de compra, venda e distribuição, e de forma especial, a Administrativa, que era definida com status de função de topo, por gestionar o comando e execução geral de todas as outras funções.

Apesar de ter sido configurado por Taylor o primeiro padrão gerencial, foi em Fayol que se consolidou o fundamento da gestão, notadamente por conta dos "Principios de Adminsitração", constituídos por uma longa lista de atributos necessários ao gestor. Foram descritos quatorze princípios, estabelecidos rigorosa e críticamente, para a ordenação da atividade de gestão.

Basicamente tais princípios determinavam como a ação deveria ser gerida, pela divisão do trabalho e cadeia escalar ordenados. Como o comando deveria agir, na unidade dos comandantes e direção das tarefas, determinando autoridade e responsabilidade, no comportamento relacional pela disciplina, remuneração, equidade, estabilidade, iniciativa e finalmente, no respeito da hierarquia empresa/trabalhador, que garantia o atendimento dos interesses organizacionais, sem deter o espirito de equipe para esse objetivo.

Tais clássicos contribuiram para a administração moderna, especialmente pela ordenação estrutural e estratégica da função administrativa, mas mantiveram e consolidaram a exploração exacerbada do trabalho humano, o transformando em "homem econômico" como se fosse uma parte componente de uma máquina maior, visando quase que exclusivamente a manutenção do lucro.