Origem e consolidação como ciência e prática
No surgimento do homem, surge a necessidade. Tal surgimento, entendendo seu significado, pode inferir que para atendê-la é preciso a administração, a partir de uma ação racional e influenciada pelo comportamento. Esse contexto implica a possibilidade de entender o termo administração, pelas abordagens morfológica e epistemológica e, ainda pela análise do verbete no dicionário que se refere a ação de administrar como sendo o atendimento melhor aos negócios, visando lucros.
Desde a sua origem, esta ação é delegada a grupos. No início, dada a consideração tácita do que descreve o "contrato social", estes grupos eram compostos pelos que tinham força para sustentar o poder, depois os que eram delegados pelo poder divino e mais adiante ainda, por quem dominava técnicas práticas de cada ofício, na produção artesanal e agrícola.
Até este ponto na linha do tempo, as necesidades eram produzidas para auto-atendimento ou trocas do que excedia, produtos tinham por isso, exclusivamente valor de uso. A ambição primeiro política, mas fundamentalmente econômica, de uma pequena parte da sociedade, estabeleceu a mercadoria para atendimento das necessidades e a ela inferiu-se valor de troca, que possibilitava a este extrato social, acúmulo de riquezas e poder econômico e a expansão do modo de produção, agora industrial e capitalista.
Cronologicamente os eventos que possibilitaram essa inversão foram o Mercantilismo, que expandiu mercados, a criação das fábricas, com investimentos na produção e na tecnologia especialmente pelas invenções, a supressão do poder absoluto, determinado pela Revolução Francesa, e a consolidação do modo de produçao capitalista, substituto do agrícola e artesanal. Aliás, tais revoluções são reconhecidas como o marco da idade moderna, que também marca a origem do pensamento administrativo moderno.
A partir de estudos do economista Adam Smith, especialmente publicados em sua obra "Uma investigação sobre a natureza e a causa da riqueza das nações", que define a viabilidade de produção escalar a partir da "divisão do trabalho", onde uma tarefa total é fragmentada em muitas outras menores, e da "especialização", onde cada trabalhador se dota de eficácia em somente uma dessas tarefas menores, a administração moderna se inicia. Estas condições e esse fundamento propulsor da lógica de produção, suprime o conhecimento do homem, enquanto trabalhador, e estabelece uma espécie de "escravização branca" deste homem, subjulgando-o aos sujeitos capazes de investir, chamados capitalistas. Tais investidores são quase que exclusivamente beneficiados com o lucro das novas formas de produção e consumo.
A ciência compondo com a Administração Moderna
Muito embora, outros estudiosos pioneiros do campo da administração tenham contribuido, como Charles Babbage, na discussão sobre estrutura de instalações, e ainda Henry Poor, com estratégias de produção das linhas de transporte ferroviário , na verdade os precurssores reconhecidos da administração clássica foram outros dois, Frederick Winslow Taylor e Henry Fayol.
Por Taylor se experimentou , na verdadeira acepção da palavra, a ciência na prática administrativa. Ele, como operário de uma siderúrgica americana, implantou pela observação e experimentos, estudos que deram caráter cientiífico a administração, tais como estudos de tempos e movimentos, que se baseavam na medida de cada operação, minunciosamente, em seus tempos e movimentos para praticá-las e remuneração por peças, que consistia em estimular o trabalhador a cooperar com mais produção, recebendo em contrapartida mais remuneração, o que ratificava os estudos de Adam Smith, quando da especialização das tarefas.
Já como engenheiro chefe, formação efetivada enquanto trabalhava, consolidou a ciência na prática administrativa através do que conhecemos como "Principios da ciência no trabalho", aprimorando-o em si, no trabalhador e sua qualificação, na seleção científica de novos trabalhadores, na busca da cooperação entre quem realiza a tarefa e seus comandantes e investidores e apurando mais a especialização funcional. O trabalho de Taylor foi legado ao pensamento administrativo a partir de sua obra "Princípios de administração científica".
A Gestão Clássica entrando em cena
Henry Fayol, de forma muito mais conceitual e técnica, dada a sua formaçao acadêmica anterior a ação como gestor, estabelece a ação de administração como uma prática de gestão. Propõe a administração "de cima para baixo" e não pela simples observação da prática. Pioneiramente define administração pela conjunção dos elementos expressos na sigla PODC. Planejar no ínicio da gestão toda a ação, Organizar recursos e materiais que dão base a ação de produção, Dirigir cada ação de forma sistemática e racional e Controlar cada plano e cada elemento anteriormente organizado.
No que chamou de "Funções Administrativas", categorizou seis funções chave. A função Técnica, que tratava da produção como função de base na operação, a Contábil, que controlava receitas e despesas, a Financeira que definia gastos e investimentos, a de Segurança, que procurava garantir os meios de forma equilibrada e constante, a Comercial que tratava das operações de compra, venda e distribuição, e de forma especial, a Administrativa, que era definida com status de função de topo, por gestionar o comando e execução geral de todas as outras funções.
Apesar de ter sido configurado por Taylor o primeiro padrão gerencial, foi em Fayol que se consolidou o fundamento da gestão, notadamente por conta dos "Principios de Adminsitração", constituídos por uma longa lista de atributos necessários ao gestor. Foram descritos quatorze princípios, estabelecidos rigorosa e críticamente, para a ordenação da atividade de gestão.
Basicamente tais princípios determinavam como a ação deveria ser gerida, pela divisão do trabalho e cadeia escalar ordenados. Como o comando deveria agir, na unidade dos comandantes e direção das tarefas, determinando autoridade e responsabilidade, no comportamento relacional pela disciplina, remuneração, equidade, estabilidade, iniciativa e finalmente, no respeito da hierarquia empresa/trabalhador, que garantia o atendimento dos interesses organizacionais, sem deter o espirito de equipe para esse objetivo.
Tais clássicos contribuiram para a administração moderna, especialmente pela ordenação estrutural e estratégica da função administrativa, mas mantiveram e consolidaram a exploração exacerbada do trabalho humano, o transformando em "homem econômico" como se fosse uma parte componente de uma máquina maior, visando quase que exclusivamente a manutenção do lucro.
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